Na adolescência, o despertar da sexualidade é como o romper
de um dique, no qual se encontram represadas forças incomensuráveis, que se
atiram, desordenadas, produzindo danos e prejuízos em relação a tudo quanto
encontram pela frente.
No passado, o tema era tabu, que a ignorância e a hipocrisia
preferiam esconder, numa acomodação na qual a aparência deveria ser preservada,
embora a conduta moral muitas vezes se encontrasse distante do que era
apresentado.
Estabelecera-se, sub-repticiamente, que o imoral era a sociedade
tomar conhecimento do fato servil e não o praticá-lo às ocultas.
À medida que os conceitos se atualizaram, libertando-se dos
preconceitos perniciosos, ocorreu o desastre da libertinagem, sem que houvesse
mediado um período de amadurecimento emocional entre o proibido e o liberado, o
que era considerado vergonhoso e sujo e o que é biológico e normal.
Evidentemente, após um largo período de proibição, imposta
pela hegemonia do pensamento religioso arbitrário, ao ser ultrapassado pelo
imperativo do progresso, surgiriam a busca pelo desenfreado gozo a qualquer
preço e a entrega aos apetites sexuais, como se a existência terrena se
resumisse unicamente nos jogos e nas conquistas da sensualidade, terminando
pelo tombo nas excentricidades, nos comportamentos patológicos e promíscuos do abuso.