Capítulo sexto: O adolescente, possibilidades e limites
Na quadra primaveril da adolescência tudo parece fácil, exatamente pela falta de vivência da realidade humana. O adolescente examina o mundo através das lentes límpidas do entusiasmo, quando se encontra em júbilo, ou mediante as pesadas manchas do pessimismo que no momento lhe dominam as paisagens emocionais. A realidade, no entanto, difere de uma como de outra percepção, sem os altos vôos do encantamento nem os abismos profundos do existencialismo negativo.
A vida é um conjunto de possibilidades que se apresentam para ser experimentadas, facultando o crescimento intelecto-moral dos seres. A forma como cada pessoa se utiliza desses recursos redunda no êxito ou no desar, não sendo a mesma responsável pela glória ou pelo insucesso daqueles que a buscam e nela se encontram envolvidos.
Para o jovem sonhador, que tudo vê róseo, há muitos caminhos a percorrer, que exigem esforço, bom direcionamento de opção e sacrifício. Toda ascensão impõe inevitável cota de dedicação, como é natural, até que a conquista dos altiplanos delineie novos horizontes ainda mais amplos e fascinantes.
Assim, as possibilidades do adolescente estão no investimento que ele aplica para a conquista do que traça como objetivo. Nesse período, tem-se pressa, porque todas as manifestações são rápidas e os acontecimentos obedecem a um organograma que não pode ser antecipado, esperando que se consumem os mecanismos propiciatórios à sua realização.
Capítulo quinto: O adolescente na busca da identidade e do idealismo
O desabrochar da adolescência, à semelhança do que ocorre
com o botão de rosa que se abre ante a carícia do Sol, desvela-lhe a intimidade
que se encontra adormecida, e desperta, suavemente, aspirando a vida,
exteriorizando aroma e oferecendo pólen para a fertilização e ressurgimento em
novas e maravilhosas expressões.
A plenitude da vida, na fase da adolescência, estua e
exterioriza-se, deixando que todos os conteúdos arquivados no inconsciente do
ser passem a revelar-se, em forma de tendências, aptidões, anseios e tentativas
de realização.
Nem sempre esse despertar é tranquilo, podendo, às vezes,
ser uma irrupção vulcânica de energias retidas que estouram, produzindo danos.
Noutras ocasiões pode expressar-se como sofrimento íntimo, caracterizado por
fobias de aparência inexplicável, mas que procedem dos registros
perispirituais, mergulhados no inconsciente, que repontam como conflitos, consciência
de culpa, pudor exacerbado, misticismo, em mecanismos bem elaborados de fuga da
realidade.
Reencarnando-se, para reparar os erros e edificar o bem em
si mesmo, o espírito atinge a adolescência orgânica, vivenciando o transformar
de energias e hormônios sutis quão poderosos, que o despertam para as
manifestações do sexo, mas também para as aspirações idealistas, desenvolvendo
a busca da própria identidade.
Capítulo quarto: O adolescente diante da família
Incontestavelmente, o lar é o melhor educandário, o mais
eficiente, porque as lições aí ministradas são vivas e impressionáveis,
carregadas de emoção e força. A família, por isso mesmo, é o conjunto de seres
que se unem pela consanguinidade para um empreendimento superior, no qual são investidos
valores inestimáveis que se conjugam em prol dos resultados felizes que devem
ser conseguidos ao largo dos anos, graças ao relacionamento entre
pais e filhos, irmãos e parentes.
Nem sempre, porém, a família é constituída por Espíritos
afins, afetivos, compreensivos e fraternos.
Na maioria das vezes, a família é formada para auxiliar os
equivocados a se recuperarem dos erros morais, a repararem danos que foram
causados em outras tentativas nas quais malograram.
Assim, pois, há famílias-bênção e famílias-provação. As
primeiras são aquelas que reúnem os Espíritos que se identificam nos ideais do
lar, na compreensão dos deveres, na busca do crescimento moral, beneficiando-se
pela harmonia frequente e pela fraternidade habitual. As outras são caracterizadas
pelos conflitos que se apresentam desde cedo, nas animosidades entre os seus
membros, nas disputas alucinadas, nos conflitos contínuos, nas revoltas sem
descanso.
Capítulo terceiro: O adolescente e o seu projeto de vida
A partir de Freud o conceito de sexo sofreu uma quase
radical transformação. O eminente Pai da Psicanálise procurou demonstrar que a sexualidade
é algo maior do que se lhe atribuía até então, quando reduzida somente à função
sexual. Ficou estabelecido que a mesma tem muito mais a ver com o indivíduo no
seu conjunto, do que específica e unicamente com o órgão genital, exercendo uma
forte influência na personalidade do ser.
Naturalmente, houve excesso na proposta em pauta, nos seus
primórdios, chegando-se mesmo ao radicalismo, que pretendia ser a vida uma
função totalmente sexual, portanto, perturbadora e conflitiva.
Sempre se teve como fundamental que a vida sexual tinha
origem na puberdade, no entanto, sempre também se constataram casos de manifestações
prematuras do sexo, em razão do amadurecimento precoce das glândulas genésicas.
A Freud coube a tarefa desafiadora de demonstrar a diferença
existente entre a glândula genital, responsável pela função procriadora, e a de
natureza sexual, que se encontra ínsita na criança desde o seu nascimento, experimentando
as naturais transformações que culminariam na sexualidade do ser adulto. Ainda,
para Freud, a função de natureza sexual é resultado da aglutinação de diversos
instintos — heranças naturais do trânsito do ser pelas fases primárias da vida,
nas quais houve predominância da natureza animal, portanto, instintiva que se
vão transformando, organizando e completando-se até alcançarem o momento da
reprodução, igualmente ligada àquele período inicial da evolução dos seres na
Terra.
Capítulo segundo: O adolescente e a sua sexualidade
A ignorância responde por males incontáveis que afligem a
criatura humana e confundem a sociedade. Igualmente perversa é a informação
equivocada, destituída de fundamentos éticos e carente de estrutura de lógica.
Na adolescência, o despertar da sexualidade é como o romper
de um dique, no qual se encontram represadas forças incomensuráveis, que se
atiram, desordenadas, produzindo danos e prejuízos em relação a tudo quanto
encontram pela frente.
No passado, o tema era tabu, que a ignorância e a hipocrisia
preferiam esconder, numa acomodação na qual a aparência deveria ser preservada,
embora a conduta moral muitas vezes se encontrasse distante do que era
apresentado.
Estabelecera-se, sub-repticiamente, que o imoral era a sociedade
tomar conhecimento do fato servil e não o praticá-lo às ocultas.
À medida que os conceitos se atualizaram, libertando-se dos
preconceitos perniciosos, ocorreu o desastre da libertinagem, sem que houvesse
mediado um período de amadurecimento emocional entre o proibido e o liberado, o
que era considerado vergonhoso e sujo e o que é biológico e normal.
Evidentemente, após um largo período de proibição, imposta
pela hegemonia do pensamento religioso arbitrário, ao ser ultrapassado pelo
imperativo do progresso, surgiriam a busca pelo desenfreado gozo a qualquer
preço e a entrega aos apetites sexuais, como se a existência terrena se
resumisse unicamente nos jogos e nas conquistas da sensualidade, terminando
pelo tombo nas excentricidades, nos comportamentos patológicos e promíscuos do abuso.
Capítulo primeiro: Adolescência, fase de transição e de conflitos
A adolescência é o período próprio do desenvolvimento físico
e psicológico, que se inicia aproximadamente aos catorze anos para os rapazes e
aos doze anos para as moças, prolongando-se, até aos vinte e dezoito anos,
respectivamente, nos países de clima frio, sendo que nos trópicos há uma
variação para mais cedo.
Nessa fase, há um desdobramento dos órgãos secundários do
sexo, dando surgimento aos fatores propiciatórios da reprodução, como sejam o
espermatozoide no fluido seminal e o catamênio. Os rapazes experimentam
alterações na voz, enquanto as moças apresentam desenvolvimento dos ossos da
bacia, dos seios, o que ocorre com certa rapidez, normalmente acompanhados pelo
surgimento da afetividade, interesse sexual e dos conflitos na área do comportamento,
como insegurança, ansiedade, timidez, instabilidade, angústia, facultando o espaço
para desenvolvimento e definição da personalidade, aparecimento das tendências
e das vocações.
Introdução
À
medida que a Ciência e a tecnologia ampliaram os horizontes do conhecimento
humano, proporcionando comodidades e realizações edificantes que favorecem o
desenvolvimento da
vida,
vêm surgindo audaciosos conceitos comportamentais que pretendem dar novo
sentido à existência humana, consequentemente derrapando em abusos intoleráveis
que conspiram contra o desenvolvimento moral e ético da sociedade.
Nesse sentido,
as grandes vítimas da ocorrência são os jovens que, imaturos, se deixam atrair
pelos disparates das sensações primárias, comprometendo a existência
planetária, às vezes, de forma irreversível.
Dominados
pelos impulsos naturais do desenvolvimento físico antes do mesmo fenômeno na
área emocional encontram, nas dissipações que se permitem, expressões vigorosas
de prazer
que os
anestesiam ou os excitam até à exaustão, levando-os ao desequilíbrio e ao
desespero.
Quando
cansados ou inquietos tentam fugir da situação, quase sempre enveredando pelo
abuso do sexo e das drogas, que se associam em descalabro cruel, gerando
sofrimentos inqualificáveis.
O único
antídoto, porém, ao mal que se agrava e se irradia em contágio pernicioso, é a educação.
Consideramos, porém, a educação no seu sentido global, aquela que vai além dos compêndios
escolares, que reúne os valores éticos da família, da sociedade e da religião.
Não, porém de uma religião convencional, e sim, que possua fundamentos
científicos e filosóficos existenciais estribados na moral vivida e ensinada
por Jesus.
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