Capítulo nono: O que o adolescente espera da sociedade e o que a sociedade espera do adolescente

O adolescente é um ser novo, utilizando-se do laboratório fisiopsíquico em diferente expressão daquela a que se acostumara.

Algumas das suas glândulas de secreção endócrina, como a pituitária inicialmente, encarregam-se de secretar hormônios que caracterizam as graves e profundas alterações na sua organização física, a fim de que, nos homens, os testículos possam fabricar testosterona, encarregada das definições sexuais masculinas. Nas meninas, os ovários dão início ao labor de produzir e eliminar estrógeno, que depois se torna cíclico, assinalando as formas da puberdade e logo se transformando em ciclo menstrual. Os meninos igualmente experimentam uma produção de estrógeno, que provém das glândulas suprarenais, e contribuem para o desenvolvimento dos pelos pubianos e demais alterações externas do conjunto genital, que se unem para anunciar a chegada da puberdade.

Os hormônios do crescimento, secretados pela tireóide e pela pituitária no período da puberdade, passam por significativa transformação e respondem pelo alongamento e peso do corpo — também denominado estirão de crescimento, que dura em média quatro anos — e definem sua nova estrutura e forma.

Esse período turbilhonado no jovem leva-o a verdadeiras crises existenciais de identidade, de contestação de valores, decorrentes das mudanças físicas, sexuais, psicológicas e cognitivas ao mesmo tempo.

Em razão da imaturidade, o adolescente espera compreensão e auxílio da sociedade, que lhe deve facultar campo para todos os conflitos, não os refreando nem os corrigindo, de forma que o mundo se lhe torne favorável área para as suas experimentações, nem sempre corretas, dando surgimento a novos conceitos e novas propostas de vida.

Capítulo oitavo: O adolescente e o namoro


Na fase da adolescência, a atração sexual é portadora de alta carga de magnetismo. Surge,
inesperadamente, a necessidade de intercâmbio afetivo, que o jovem ainda não sabe definir.

Os interesses infantis são superados e as aspirações acalentadas até então desaparecem, a fim de cederem lugar a outras motivações, normalmente através do relacionamento interpessoal. Os hormônios, amadurecendo e produzindo as alterações orgânicas, também trabalham no psiquismo, desenvolvendo aptidões e anseios que antes não existiam.

Nesse momento, os adolescentes olham-se surpresos, observam as modificações externas e
descobrem anseios a que não estavam acostumados. São tomados de constrangimento numa primeira fase, depois, de inquietação, por fim, de certa audácia, iniciando-se as experiências dos namoros.

Referimo-nos ao processo natural, sem as precipitações propostas pelas insinuações,
provocações e licenças morais de toda ordem que assolam o mundo juvenil, conspirando contra a sua realização interior.

Capítulo sétimo: O adolescente, o amor e a paixão


Período de exuberância hormonal, a adolescência se caracteriza pelos impulsos e desmandos da emotividade. Confundem-se as emoções, e todo o ser é um conjunto de sensações desordenadas, num turbilhão de impressões que aturdem o jovem. Irrompem, naturalmente, os desejos da sensualidade, e se confundem os sentimentos, por falta da capacidade de discernir gozo e plenitude, êxtase sexual e harmonia interior.

É nessa fase que se apresentam as paixões avassaladoras e irresponsáveis que desajustam e alucinam, gerando problemas psicológicos e sociais muito graves, quando não são controladas e orientadas no sentido da superação dos desejos carnais.

Subitamente o jovem descobre interesses novos em relação a outro, àquele com quem
convive e nunca antes experimentara nada de original, que se diferenciasse da fraternidade, da amizade sem compromisso. A libido se lhe impõe e propele-o a relacionamentos apressados quão ardorosos, que logo se esfumam. Quando não atendida, por circunstâncias violentas, dá surgimento a estados depressivos, que podem perturbar profundamente o adolescente, que passa a cultivar o pessimismo e a angústia, derrapando em desajustes psicológicos de curso demorado.

O ideal, nesse momento, é a canalização dessa força criadora para as experiências da arte,
do trabalho, do estudo, da pesquisa, que a transformam em energia superior, potencializada pela beleza e pelo equilíbrio. Nesse sentido, deve-se recorrer aos desportos, à ginástica, às caminhadas e atividades ecológicas que, além de úteis à comunidade, também gastam o excesso hormonal, tanto físico quanto psíquico.